segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

TDAH e educação formal

Por muito tempo se acreditou que o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade era algo sem muita importância, que não traria grandes consequências na vida dos pacientes e que os sintomas como desatenção e hiperatividade logo cessariam com a puberdade. Entretanto, na última década, esta visão de pouca importância para com o TDAH se modificou e o número de diagnósticos desse transtorno no contexto escolar vem crescendo a cada dia.¹

 Este aumento no número de diagnósticos não só vem chamando cada vez mais a atenção dos pais, professores e pedagogos, mas também de pesquisadores que se voltam para entender melhor este transtorno do desenvolvimento que afeta a atenção, o controle de impulsos e o nível de atividade (BARKLEY, 2002).¹

Segundo Meister (2001), este é o diagnóstico mais comum em crianças que são encaminhadas a algum atendimento médico ou psicológico, por demonstrarem comportamentos que são tidos como inadequados para a escola, causando baixo rendimento escolar ou mesmo dificuldades na aprendizagem, mesmo não sendo este um transtorno da aprendizagem.4 A consequência desta íntima relação que acaba existindo entre a sala de aula e o TDAH sobrecarrega o professor com a responsabilidade de identificação do diagnóstico de seus alunos.4

Diagnóstico

Como se percebe que uma criança tem TDAH, se este é um transtorno que engloba sintomas que são comuns em portadores e não portadores, tais como dificuldade de concentração, falha na finalização de tarefas ou inconsistência na realização de um objeto definido? A resposta é entender que o TDAH é um problema crônico e que pode vir a se estender para a adolescência e a vida adulta trazendo consigo problemas comportamentais, emocionais e sociais. Por isso, é tão importante um diagnóstico ainda nos primeiros anos de vida do indivíduo. ( BARKLEY, 2002)

Segundo o DSM-IV existem informações importantes para saber se um indivíduo tem ou não este transtorno, como por exemplo:

  • Alguns dos sintomas de desatenção ou hiperatividade/impulsividade já estarem presentes antes dos 7 anos de vida.
  • Que estas dificuldades ocorram em pelo menos dois ambientes diferentes (como em casa e na escola, por exemplo).
  • E que nos últimos 6 meses venham trazendo problemas na vida familiar e escolar do indivíduo.²


O levantamento destes sintomas deve ser feito por meio de entrevista com os pais da criança, onde devem ser levantadas as queixas e os sintomas, buscando sempre relatos do comportamento dela tanto em casa como em atividades sociais. Os professores também devem ser inquiridos sobre o comportamento da criança durante as aulas (desempenho nas atividades) e em momentos do intervalo (relacionamento com colegas e outros adultos). Questionários e escalas de sintomas devem ser preenchidos pelos pais e professores, a criança deve ser observada no consultório, bem como deve ser feita uma avaliação neuropsicológica, psicopedagógica e fonoaudiológica.²

Intervenção Psicopedagógica

Uma criança com TDAH apresenta dificuldades de manter a atenção e a concentração, e isso trás como consequência um possível desinteresse e indisciplina em atividades que precisam de responsabilidade. O tratamento é medicamentoso, mas também necessita de intervenção psicopedagógica, que busca oferecer subsídios para a educação inclusiva de crianças com o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.

O papel do psicopedagogo vai abranger algumas esferas importantes para a vida do indivíduo portador de TDAH, como ajudar a criança neste déficit, dar apoio ao professor que muitas vezes não sabe lidar com um aluno portador de TDAH e orientação familiar.

Conforme Benczink (2002), o acompanhamento psicopedagógico é importante, já que auxilia na aprendizagem, atuando diretamente nas dificuldades escolares que são apresentadas pela criança, suprindo a defasagem, reforçando o conteúdo para permitir a aquisição de novos conhecimentos.²

Família – O papel do psicopedagogo também é de trabalhar junto à família, mostrando que ela tem um papel muito importante, podendo ajudar no tratamento de diversas formas como o de manter um diálogo aberto entre os pais e os filhos e estabelecer regras claras de comportamento. Tendo de conhecer o máximo possível sobre a temática do TDAH, visando orientar os pais de como lidar com as dificuldades apresentadas por esta criança.5

Professores – Cabe ao psicopedagogo esclarecer ao educador que ele deve buscar avaliar a criança com TDAH considerando o esforço da criança e não se conseguiu ou não terminar uma tarefa, e também para não vir a rotular o indivíduo com TDAH como incapacitado no processo de aprendizagem. Goldstein (1994) aponta que uma criança com TDAH pode ser tão inteligente quanto qualquer outra, sendo de extrema importância que se ofereça os estímulos necessários para não tornar a escola como um ambiente chato e odiado pela criança com o transtorno.5

Aluno – As contribuições da psicopedagogia para o aprendizado do aluno são em varias áreas como: detectar os principais pontos de dificuldades, criação de técnicas acadêmicas eficazes para o bom desempenho na vida acadêmica do aluno e incentivo a leitura.5

Um comentário:

  1. O psicopedagogo surge como uma especialidade do pedagogo ou psicólogo. Sendo assim o suporte emocional para a família será uma atividade desse profissional?!

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