sábado, 8 de março de 2014

ENTREVISTA 2: portador de TDAH


Nossa entrevista de hoje é com o Ivan Monticelli, 60 anos, portador
de TDAH e participante-voluntário de grupos de apoio online. Ele nos
contou como foi receber o diagnóstico, as intervenções utilizadas e a
importância de se superar a desinformação sobre o tema.


QSQ:TDAH - Quais sinais ou eventos te levaram a desconfiar de que algo estava “errado”?

IvanBom, desde pequeno me achava diferente, desadaptado e buscava entender. Tinha dificuldades de relacionamento com amigos, muita zombaria com meu jeito de ser e eu não entendia o porquê. Buscava o conceito de ser normal, pois todos me chamavam de louco entre outros apelidos.

QSQ:TDAHEm que momento você procurou ajuda especializada?

IvanEnquanto jovem busquei na religião um entendimento de mim mesmo, uma resposta. Passei por várias religiões sempre levando a sério e com responsabilidade. Mas não ajudou... Fiz terapia algumas vezes e N.A. (neuróticos anônimos). Tudo isso me ajudou bastante, mas não era o conforto que esperava. Estudei sobre temperamentos, horóscopo e cursos de controle da mente. Tudo em vão!

QSQ:TDAH - Como você se sentiu quando foi diagnosticado com TDAH? Quais eram os seus temores?

IvanSenti um forte alívio de me ver descrito num quadro conhecido. Eu não era louco! E muito medo de que fosse mais uma tentativa fútil de me entender e me encontrar. Ao saber que poderia precisar de medicação senti muito medo por desinformação e a preocupação de dependência, efeitos colaterais etc.

QSQ:TDAH - Qual foi a sua postura diante do seu diagnóstico? Ou qual foi a sua primeira atitude?

Ivan - Aceitei, embora meio assustado. Procurei estudar tudo que pude sobre o tema, entrar em um grupo de apoio e fazer TCC (terapia cognitivo comportamental). Pensei: piorar é impossível, pois já estava com pensamentos de morte e de desesperança.

QSQ:TDAH - Na sua opinião, o que deve ser feito ao receber um diagnóstico de TDAH?

Ivan - Uma vez tendo sido diagnosticado por especialista em TDAH, muita psico educação, avisar os entes queridos e pessoas de convívio, buscar apoio da família e se ajudar ajudando outras pessoas a superar as dificuldades e a desinformação. Se tornar um voluntário.

QSQ:TDAH - O seu TDAH se manifesta de alguma forma específica (subtipos)?

Ivan - Como dizem, sou um “Tedeagazão”: hiperativo-impulsivo com comorbidades associadas.

QSQ:TDAH - Quais são os transtornos comórbidos associados?

IvanDescobri que tenho ansiedade, depressão e TOD (transtorno positivo desafiador).

QSQ:TDAH - O TDAH já te trouxe (ou traz) algum tipo de problema e/ou limitação?

IvanSou muito competente e trabalhador, mas, uma vez terminado o desafio não consigo permanecer no mesmo trabalho, curso, amizades. Procuro sempre mais.

QSQ:TDAH - Você utiliza algum tipo de estratégia ou técnica para minimizar possíveis problemas?

IvanMuitas. Ando com um gravador para anotar minhas ideias e pensamentos, bilhetes, agenda e me mantenho sempre estudando novas formas de ver a aprender.

QSQ:TDAH - Em quais tipos de tratamento você já ouviu falar? Já passou (ou ainda passa) por algum deles?

IvanConsultas mensais com psiquiatra, grupo de apoio, TCC, medicação, psico-educação e engajamento. Converso sempre com a família e pessoas próximas, pois sei que é difícil para um neuro-típico entender o TDAH.

Um comentário:

  1. Muito boa a entrevista do Ivan... ele é um cara super envolvido com a causa. Faz parte de um grupo na internet que discute e troca figurinhas sobre o TDAH. Parabéns meninas.

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